terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Guasqueiro
Guasqueiro no Brasil, guasquero ou soguero na Argentina, é aquele artesão que utiliza como matéria prima o couro cru, couro vacum não curtido.
A palavra guasquero vem de guasca, que significa pedaço ou tira de couro cru.
A origem dos guasqueiros remonta a colonização portuguesa e espanhola, onde caçando o gado selvagem abandonado pelos jesuítas, surgia o oficio de guasqueiro, para a fabricação de artigos para montaria.
Como o passar do tempo o gaúcho que vivia na lida de campo e sob o lombo de um cavalo, começa a desenvolver suas próprias técnicas nesta arte, das suas precisões o homem do campo gera seus utensílios para a montaria cada vez mais uteis e hábeis e sem perder a beleza rústica que envolve a arte e cada vez a aprimorando mais.
Com a divisão dos campos em estâncias, os gaúchos andarilhos se tonaram peões, tornando se mais útil e preciso o oficio de guasqueiro, que segue até hoje, no mais nobre estilo campeiro.
Aqui a baixo coloco uma letra de Luiz Marenco que fala deste oficio:
Entre Mãos e Tentos
Luiz Marenco
"A mão campeira, que é o fio da faca
Tirando uns tentos, mais ou menos grossos
Carnal pra cima que dormiu na estaca
E acordou com a chaira, fazendo alvoroço
Cada tento forte, desquinado inteiro
Pelas mãos de jeito, de paciência e arte
Só depois com outro é que vai ser guerreiro
Porque ainda solito, num tirão se parte
Pelas mãos de campo, de dar tironaços
Na perícia antiga, que aprendeu com outros
Já passaram rédeas, barbicachos, laços
E cabrestos fortes que golpearam potros
É quase um romance, entre mãos e tentos
Um tento por baixo, outro vai por cima
Vai crescendo o laço, pra cantar nos ventos
Numa trança forte, mas com a mesma rima
Vai desde argola, quase doze braças
De corpo parelho pra encontrar a presilha
Numa armada aberta é quase uma ameaça
Pela mão que firma mais quatro rodilhas
Pra tentear o laço e firmar a trança
Num pealo de longe, polvadeira erguida
Feito um laço novo, tempo corre e corta
E quando a argola solta, nos rebenta a vida."
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Lanceiros Negros
Lanceiros Negros é o nome dado a dois corpos de lanceiros constituídos, basicamente, de negros livres ou de libertos pela República Rio-Grandense que lutaram na Revolução Farroupilha. Possuíam 8 companhias de 51 homens cada, totalizando 426 lanceiros .
Tornou-se célebre o 1.º Corpo de Lanceiros Negros organizado e instruído, inicialmente, pelo Coronel Joaquim Pedro, antigo capitão do Exército Imperial, que participara da Guerra Peninsular e se destacara nas guerras platinas. Ajudou, nesta tarefa, o Major Joaquim Teixeira Nunes, veterano e com ação destacada na Guerra Cisplatina. Este bravo, à frente deste Corpo de Lanceiros Negros, libertos, prestaria relevantes serviços militares à República Rio-Grandense.
Foram seus oficiais, entre outros:
Coronel Joaquim Pedro
Coronel Joaquim Teixeira Nunes
Tenente Manuel Alves da Silva Caldeira
Capitão Vicente Ferrer de Almeida
Capitão Marcos de Azambuja Cidade
Primeiro-tenente Antônio José Coritiba
Segundo-tenente Caetano Gonçalves da Silva (filho de Bento Gonçalves)
Segundo-tenente Ezequiel Antônio da Silva
Segundo-tenente Antônio José Pereira
Recrutamento dos Lanceiros Negros
O Corpo de Lanceiros Negros era integrado por negros livres ou libertados pela Revolução e, após, pela República, com a condição de lutarem como soldados pela causa..
O 1.º Corpo foi recrutado, principalmente, entre os negros campeiros, domadores e tropeiros das charqueadas de Pelotas e do então município de Piratini (atuais Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, até o Pirai e parte de Arroio Grande).
Armamento Individual
Excelentes combatentes de Cavalaria, entregavam-se ao combate com grande denodo, por saberem, como verdadeiros filhos da liberdade, que esta, para si, seus irmãos de cor e libertadores, estaria em jogo em cada combate. Manejam como grande habilidade suas armas prediletas - as lanças. Estas, por eles usadas mais longas do que o comum. Combinada esta característica, com instrução para o combate e disposição para a luta, foram usados como tropas de choque, uso hoje reservado às formações de blindados. Por tudo isto infundiram grande terror aos adversários. Eram armados também com adaga ou facão e, em certos casos, algumas armas de fogo em determinadas ocasiões.
Como lanceiros não utilizavam escudos de proteção, mas sim seus grosseiros ponchos de lã - bicharás, que serviram-lhes de cama, cobertor e proteção do frio e da chuva. Quando em combate a cavalo, enrolado no braço esquerdo, o poncho (bichará) servia-lhes para amortecer ou desviar um golpe de lança ou espada. No corpo a corpo desmontado, servia para aparar ou desviar um golpe de adaga ou espada em cuja esgrima eram habilíssimos, em decorrência da prática continuada do jogo do talho, nome dado pelo gaúcho à esgrima simulada com faca, adaga ou facão.
Alguns poucos eram hábeis no uso das boleadeiras como arma de guerra, principalmente para abater o inimigo longe do alcance de sua lança, quer em fuga, quer manobrando para obter melhor posição tática.
Armamento Individual
Excelentes combatentes de Cavalaria, entregavam-se ao combate com grande denodo, por saberem, como verdadeiros filhos da liberdade, que esta, para si, seus irmãos de cor e libertadores, estaria em jogo em cada combate. Manejam como grande habilidade suas armas prediletas - as lanças. Estas, por eles usadas mais longas do que o comum. Combinada esta característica, com instrução para o combate e disposição para a luta, foram usados como tropas de choque, uso hoje reservado às formações de blindados. Por tudo isto infundiram grande terror aos adversários. Eram armados também com adaga ou facão e, em certos casos, algumas armas de fogo em determinadas ocasiões.
Como lanceiros não utilizavam escudos de proteção, mas sim seus grosseiros ponchos de lã - bicharás, que serviram-lhes de cama, cobertor e proteção do frio e da chuva. Quando em combate a cavalo, enrolado no braço esquerdo, o poncho (bichará) servia-lhes para amortecer ou desviar um golpe de lança ou espada. No corpo a corpo desmontado, servia para aparar ou desviar um golpe de adaga ou espada em cuja esgrima eram habilíssimos, em decorrência da prática continuada do jogo do talho, nome dado pelo gaúcho à esgrima simulada com faca, adaga ou facão.
Alguns poucos eram hábeis no uso das boleadeiras como arma de guerra, principalmente para abater o inimigo longe do alcance de sua lança, quer em fuga, quer manobrando para obter melhor posição tática.
Vestuário ou Uniforme
Seu vestuário era constituído de sandálias de couro cru, chiripá de pano grosseiro, um colete recobrindo o tronco e na cabeça uma vincha (braçadeira) vermelha símbolo de República.
Como esporas improvisavam uma forquilha de madeira presa ao pé com tiras de couro cru. Esta espora farroupilha acomodava-se ao calcanhar e possuía a ponta bem afiada. Alguns poucos usavam calças, cartola e chilenas (esporas), como o imortalizado em pintura no Museu de Bolonha, Itália.
Surpresa dos Porongos
A Surpresa dos Porongos, ocorreu na localidade de Porongos, hoje parte do município de Pinheiro Machado. Em 14 de novembro de 1844, os Lanceiros Negros de Teixeira Nunes salvaram o desfecho da Revolução Farroupilha de um desastre total. Pelo modo como combateram, salvaram Canabarro e grande parte das tropas e tornaram possível a negociação de uma paz honrosa como e foi a de paz de Ponche Verde, e a liberdade para todos os negros e mulatos que lutaram pela República Rio Grandense. Ao final do combate o campo de batalha dos Porongos ficou juncado com 100 mortos farroupilhas.
Segundo descrição do historiador Canabarro Reichardt: Dentre eles 80 eram bravos Lanceiros negros de Teixeira Nunes. Com a surpresa em Porongos, os farrapos, passados os primeiros momentos de estupor, recobram ânimo e se dispõem a morrer lutando. Teixeira, o Bravo dos bravos, cujo denodo assombrou um dia o próprio Garibaldi, reuniu os seus lanceiros negros. O 4º Regimento de Linha farrapo e alguns esquadrões desanimam quando os imperiais se multiplicam ,e surgem de todos os pontos. Uma segunda carga imperial e mais impetuosa é também repelida. E este foi o sinal da debandada farrapa geral. Em vão os chefes chamam os soldados ao dever, dando-lhes o exemplo. Nada os contêm e o Exército Farrapo como por encanto, se dissolve, arrastando consigo ainda os que querem lutar. Apenas alguns grupos mantêm-se resistindo e neles o combate se trava à arma branca. Tombam os lanceiros negros de Teixeira, brigando um contra vinte, num esforço incomparável de heroísmo.
A Liberdade
Dos Lanceiros Negros restaram mais de 120, que após a paz de Ponche Verde foram mandados incorporar pelo Barão de Caxias aos três Regimentos de Cavalaria de Linha do Exército na Província.
O Império manteve suas liberdades na cláusula IV da Paz de Ponche Verde. São livres e como tais reconhecidos todos os cativos que serviram à República.
Cláusula respeitada por conta e risco pelo Barão de Caxias contrariando determinação superior de os recolher como escravos estatais para a Fazenda de Santa Cruz no Rio de Janeiro .
Caxias usou o seguinte expediente para não os enviar para o Rio. Considerou que eles haviam se apresentado livremente. E a seguir os libertou e os incorporou as três unidades de Cavalaria Ligeira do Exército Imperial no Rio Grande .E em Ponche Verde em D. Pedrito foram acolhidos pelos coronéis Manuel Marques de Sousa e Manuel Luís Osório comandantes de duas unidades de Cavalaria.
Dentre em breve iriam lutar na Guerra contra Oribe e Rosas, pela Integridade e Soberania brasileiras no Sul, ameaçadas por caudilhos platinos.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Mateando
Hoje mateando, me lembrei de escrever sobre algo importante, algo às vezes esquecido no tempo ou que pela pressa do mundo atual. Um ritual galponeiro, algo que transcende gerações, o nosso bom e velho amigo, presente em todas as horas o "mate". Escreverei aqui as maneiras tradicionais de se cevar um mate, o modo mais correto, digamos assim a "etiqueta do mateador".
Hoje vejo as pessoas tratando o mate como uma bebida qualquer, algo que se faz de qualquer jeito, com pressa, e se esquecem que o mate tem suas baldas e segredos:
O ato de preparar o mate pode ser chamado de:
Cevar o mate
Fechar o mate
Fazer o mate
Enfrenar o mate
O mate pode ser tomado solito, em parceria ou em roda de mate.
O mate deve sempre ser entregue ou recebido com a mão direita, caso a dierita estiver ocupada, a pessoa deve dizer: -Desculpe a mão!
A que o outro responde: -É a mesma do coração.
Só o cevador pode mexer no mate, a menos que se obtenha licença de faze-lo. Em caso de o barranco se desmanchar ou outro problema o cevador deve ser avisado. O bom cevador, sempre que recebe a cuia, deve ajeitar a bomba para que se renove o fluxo de seiva.
Mate do Estribo- é o mate que se toma antes de ir embora. Quando alguém esta para sair o cevador diz: -"Este é para o estribo!"
Quando alguém diz: -Tome um último mate!, o gaúcho responde: -O último nunca se toma.
Mate do João Cardoso: É aquele mate que nunca chega. Segundo contam, era um sujeito que gostava muito de prosear, e com a promessa que ja vinha o mate deixava presas as pessoas a sua curiosidade.
Cuia de conversar: É uma cuia vazia, que se dá em troca do mate a uma pessoa que está demorando muito a toma-lo, por ficar conversando.
Agora aqui um pouco do vocabulário usado no mate:
Tacuapi = Bomba primitiva usada pelos índios guaranis(feita de bambu), usada para tomar o mate.
Caá = Erva-mate
Caá-y = Bebida do mate= Chimarrão
Hoje vejo as pessoas tratando o mate como uma bebida qualquer, algo que se faz de qualquer jeito, com pressa, e se esquecem que o mate tem suas baldas e segredos:
O ato de preparar o mate pode ser chamado de:
Cevar o mate
Fechar o mate
Fazer o mate
Enfrenar o mate
O mate pode ser tomado solito, em parceria ou em roda de mate.
O mate deve sempre ser entregue ou recebido com a mão direita, caso a dierita estiver ocupada, a pessoa deve dizer: -Desculpe a mão!
A que o outro responde: -É a mesma do coração.
Só o cevador pode mexer no mate, a menos que se obtenha licença de faze-lo. Em caso de o barranco se desmanchar ou outro problema o cevador deve ser avisado. O bom cevador, sempre que recebe a cuia, deve ajeitar a bomba para que se renove o fluxo de seiva.
Mate do Estribo- é o mate que se toma antes de ir embora. Quando alguém esta para sair o cevador diz: -"Este é para o estribo!"
Quando alguém diz: -Tome um último mate!, o gaúcho responde: -O último nunca se toma.
Mate do João Cardoso: É aquele mate que nunca chega. Segundo contam, era um sujeito que gostava muito de prosear, e com a promessa que ja vinha o mate deixava presas as pessoas a sua curiosidade.
Cuia de conversar: É uma cuia vazia, que se dá em troca do mate a uma pessoa que está demorando muito a toma-lo, por ficar conversando.
Agora aqui um pouco do vocabulário usado no mate:
Tacuapi = Bomba primitiva usada pelos índios guaranis(feita de bambu), usada para tomar o mate.
Caá = Erva-mate
Caá-y = Bebida do mate= Chimarrão
domingo, 6 de junho de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Chamamé
Chamamé é um gênero musical tradicional da província de Corrientes, Argentina, apreciado também no Paraguai e em vários locais do Brasil (i.e. nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul) e em outros países. Em sua origem se integram raízes culturais dos póvos indígenas guaranis, dos exploradores espanhóis e até de imigrantes italianos.
O chamamé é o resultado do amor, da fusão de raças (etnias), que misturadas com o tempo contaram a história do ser humano e de sua paisagem, projetando-se inclusive para outras fronteiras. Utiliza o acordeão e o violão como instrumentos principais.
Do funda da alma(chamamé)- Shana Müller
O chamamé é o resultado do amor, da fusão de raças (etnias), que misturadas com o tempo contaram a história do ser humano e de sua paisagem, projetando-se inclusive para outras fronteiras. Utiliza o acordeão e o violão como instrumentos principais.
Do funda da alma(chamamé)- Shana Müller
terça-feira, 11 de maio de 2010
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