domingo, 8 de novembro de 2009

O Cavalo Crioulo

"Resistente e rústico,
manso e funcional,
esse animal fez sua fama
no Sul e espalha-se pelo país"


Herdeiro dos primeiros berberes trazidos à América pelos conquistadores espanhóis, o cavalo crioulo se criou solto, selvagem em manadas. Anos passados debaixo de chuva e sol forte transformaram-no num animal resistente a mau tempo, esforço físico e comida escassa. Tornou-se companheiro indispensável na lida cotidiana no campo e nas sangrentas batalhas que demarcaram as fronteiras do Cone Sul. Nessa primeira fase de sua história, a raça crioula sofreu uma seleção natural, pois o gaúcho o criava completamente a campo e escolhia os mais aptos para suas necessidades de trabalho.Hoje, sem ter abandonado sua vocação de trabalho duro, o crioulo chega às passarelas de leilões, tratado em cocheiras. Suas virtudes já lhe garantiram a cobiça de criadores sul-americanos, assim como asseguram nos leilões preços mais próximos dos que são obtidos por animais de raças mais sofisticadas, como o cavalo árabe e o puro-sangue inglês.
Assim para que desempenhe com brilho as provas de perícia e habilidade, como o Freio de Ouro, o crioulo tipicamente gaúcho é enriquecido com sangue de cavalos chilenos, tidos como mais ágeis e funcionais, capazes de participar com brilho em provas difíceis que lhes exigem dar voltas curtas sobre as patas, máster velocidade e estacar subitamente, andar em torno de tambores, obedecendo fielmente ao comando do ginete. Ou lhe exigem ainda a destreza e a força, como na “paleteada”, em que dois cavaleiros perseguem a galope um boi solto no pasto, prendendo-o em plena corrida entre os corpos das montarias. Antes dos chilenos, foram os cavalos argentinos que chegaram ao Brasil, trazidos por criadores interessados em qualificar seus animais com beleza morfológica. Esses cruzamentos procuram obter um cavalo que seja mais leve de frente e mais poderoso nas patas traseiras, de bons aprumos (linha das patas) e com tendões que suportem o esforço. O padrão é um cavalo bonito e funcional, e que não perca em rusticidade e docilidade.

Pelagem do Cavalo

A pelagem do cavalo como a pelagem de qualquer animal é muito variada, fizemos um levantamento das pelagens mais conhecidas:


Alazão - Cor de canela.
Azulego - Cor escura meio azulada.
Baio - Cor de ouro desbotado.
Barroso - Tem várias tonalidades, é uma cor branca amarelada.
Bragado - Possui muitas manchas na barriga.
Brasino - Vermelho com listras ou machas escuras.
Colorado - Cor vermelha.
Douradilho - Cor meio amarelada.
Gateado - Cor amarela meio avermelhada.
Lobuno - Cor escura meio cinzenta.
Ouveiro - Possui muitas machas no corpo.
Picaço - De cor preta com a cara e as patas de cor branca.
Rapicano - Possui fios de cabelos brancos na cauda.
Ruano - De cor mais clara que o Alazão, mas possui tons de amarelo.
Tobiano - De cor escura com várias manchas.
Tordilho - Cor semelhate a cor da Sabiá preta.
Tostado - De cor mais escura que o Alazão.
Zaino - Cor de castanha mais escuro.


Alguns tipos de Cavalos


"O cavalo é companheiro das lidas
e calvalgadas campeiras, é
conhecido como Pingo do Gaúcho".


Na formação do Rio Grande do Sul, desde o início de sua povoação, até a conquista definitiva de seus limites, o cavalo sempre foi o companheiro inseparável do campeiro. A afinidade é tão grande que surgiu o adágio popular: “cavalo que não é parecido com seu dono é roubado”. Como ninguém quer ser recusado de ser parecido com seu cavalo cheio de baldas ou estilo esquisito, os peões gostam de encilhar pingos elegantes e bem domados. Um bom pingo tem muito valor para o campeiro. Um cavalo baldoso ou mal domado causa muito desgosto ao seu dono. Quem é caprichoso não encilhava cavalo ruim, que é chamado de matungo ou pilungo.

Vejamos alguns tipos de cavalos, comuns em nosso pago:


CAVALO GAVIÃO – É o cavalo arrisco ou aragano. Toma a ponta da manada, não se deixa pegar. É o cavalo matreiro e refugador de porteiras, mangueiras ou mata-burros.
CAVALO FOGOSO – Cavalo de explosão. Salta longe. Pede freio. A melhor forma de amansá-lo é colocá-lo na lida contínua e demorada. Bom serviço para perder o costume é acompanhar uma carreta, cuja monotonia da estrada faz perder a pressa.
CAVALO MARCHADOR – Cavalo que anda em forma de marcha. São movimentos das patas dianteira e da trazeira, do mesmo lado, ao mesmo tempo. Andar em forma de bailado, conduzindo o cavaleiro de forma baralhada. Dá a impressão, com sua ginga de corpo, de querer arrastar-se para caminhar.
CAVALO TAFONEIRO – Cavalo que só atende para um lado. Próprio para puxar moinhos em círculos, engenhos de cana, etc.
CAVALO NEGADOR – É o cavalo que dá negadas. Atira-se para o lado, quando o peão alça a perna para monta-lo. Cavalo que a qualquer movimento dá uma brusca queda no andar, atirando o cavaleiro para outro lado. Cavalo que adquire defeitos depois de velho, geralmente refugando os elevados pesos carregados ou cargas barulhentas.
CAVALO APORREADO – Cavalo com doma incompleta, por sua rebeldia. Cavalo carboteiro, solto ao campo por chucro e de doma impraticável. Potro respeitado pelos domadores, na condição indomável. É usado somente para concursos de ginetes, nos rodeios e festas campeiras.
CAVALO PASSARINHEIRO – Cavalo assustado e sestroso. Pingo que passeia na passarela, de um lado a outro da estrada.
CAVALO PACHOLA – Cavalo fogoso, garboso, disposto e que anda pedindo freio. Pingo de passear nos domingos. Próprio para desfiles nas passarelas. Cavalo faceiro, que desfila empinando-se.
CAVALO DOCE DE BOCA – Cavalo que o domador castigou demais o bocal. Quebrou demais os queixos. Muito sensível de boca, nem bem sente o frio, já atende. Cavalo sem confiança, pisa num lugar só e se desgoverna. Chamado, ainda, de cavalo quebrado de boca.
CAVALO RUFIÃO – Cavalo mal castrado. Porta-se como um garanhão, porém não tem poder de fecundação. Torna-se cavalo de mau engorde.
CAVALO CABANO – Cavalo que tem duas orelhas caídas, em forma de chapéu velho. Cavalo dito mocho e que tem fama de carboteiro.
CAVALO REIÚNO – Cavalo que anda de mão em mão. Cavalo sem marca. Que pertence á tropilha do Exército Nacional.

2 comentários:

  1. Gostei do CAVALO RUFIÃO.
    Abraços,
    Valdir

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  2. Achei bacana demais o texto. Muito obrigado por compartilhá-lo :-)
    Queria postar aqui o trailer pra cavalos com apartamento que a gente faz. Talvez interesse a alguém aqui. Vlw!

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